A gangorra política
No senso geral, há um reconhecimento da necessidade de que a
UNICAMP seja sustentável e que permaneça forte academica e financeiramente. O
lado financeiro vem como requisito para que haja ambiente na qual a valorização
do mérito e engajamento possa ser preservada.
As finanças são assim, um fator
higiênico/fisiológico/”must-be” e, por assim ser, sozinha nunca trará
satisfação. Entretanto, é um potencializador de insatisfação.
De certa forma, ao vermos o tamanho do problema orçamentário
que se avolumou à nossa frente, a Universidade endossou por duas vezes, em
2017, as medidas que achavam necessárias de cortes, contenção, sacrifícios, etc.
Mas há fatores prontos para minar esse pacto de sacrifício: 1) o dia-a-dia
pessoal revela-se sempre muito cruel: contas a pagar, dificuldades,
muitas cobranças e poucos recursos, e principalmente entre os jovens docentes,
uma dúvida de se estar investindo a carreira no local correto; 2) se a
assimetria do esforço for grande, não há mais ambiente para colaboração.
Daí, naturalmente vem o desânimo, a sensação de estar sendo
sacrificado e, numa total total falta de perspectiva de melhoria, dá-se espaço às
frentes que prometem ações mais populistas (mesmo que não caibam no bolso da
Universidade). Assim, as gestões passam a se alternar: uma que tende a sanear a
realidade dura das finanças, pagando um custo político alto, e outra que tende
a gastar e garantir a capitalização da insatisfação.
O problema é que para se implantar ações muito impopulares, é necessário que a liderança tenha muita força política, assim como coerência e credibilidade. E os resultados devem aparecer. Como o ônus é muito grande, o “walk the talk” é importante. Ações severas não conseguem se costurar com ações populistas, pois tal situação traz a assimetria de esforços e a perda de apoio dos sacrificados torna-se inevitável. Nem sempre esses requisitos são cumpridos e a gangorra continua...
O ideal é que a amplitude das oscilações entre sacrifícios e
populismos diminua para assim haver, de fato, um equilíbrio.
Como sair disto? O antídoto para essa gangorra é que a
comunidade receba a INFORMAÇÃO por completo, na íntegra. Para que todos possam
construir suas conclusões.
A minha intenção nas próximas postagens será de informar sobre os
temas mais polêmicos. Assuntos que vi serem explorados de maneira muito
oportunista por vários grupos, pelos mais diversos interesses: GR, folha de
aposentados, carreira, etc...
... e fiquem também à vontade para sugerirem temas.
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